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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Arquitetura;

Iremos agora falar sobre as influências africanas na arquitetura.
Com a saída forçada da África , os povos vieram parar aqui no Brasil perdendo sua antiga identidade tribal (ganguela, quimbundo, etc), para viverem nas condições desumanas de escravos. Veremos agora que as tipologias arquitetônicas afro-brasileiras podem ser divididas nas seguintes categorias: a) senzalas; b) enxovias e c) quilombos.
Senzalas:
A forma mais conhecida das tipologias africanas é a senzala, designativo que evoluiu da palavra africana “sanzala”. Embora este tipo arquitetônico não seja tão popular na África  (sendo um pouco encontrada em algumas regiões do Gabão e de Camarões), ela tornou-se popular no Brasil e deu origem a muitas cidades brasileiras. Como exemplos, podemos citar Serinhaém e Marechal Deodoro.
Alagoas do Sul, 1640 (depois, vila Madalena, hoje, Mal. Deodoro)

Serinhaém, 1640, Pernambuco.

A fama das senzalas derivou do fato de terem sido empregadas principalmente como habitação da mão-de-obra de engenhos e fazendas. Embora haja documentação da existência de senzalas de duas alas separadas por uma rua, como na África, a absoluta maioria das mesmas se reduziu a uma só, alegadamente, para favorecer o controle dos cativos.



Uma capela e uma senzala dupla, baseado numa gravura de Frans Post.


A senzala entre o palácio e a casa de Maurício de Nassau, conforme desenho de Zacharias Wagener



Com a abolição da escravatura, as senzalas perderam sua função e somente as construções mais resistentes se mantiveram até nossos dias. Como a maioria era de consistência precária, de taipa e cobertas de palha, elas desapareceram. Por isso é necessário  recorrer a documentos históricos para saber de suas características no passado. E esta gravura abaixo demonstra que as mesmas desempenhavam um papel muito importante na configuração plástica dos engenhos.
Esquema de um engenho de açúcar, segundo Vauthier, com destaque da senzala. 
Senzala com varanda no Engenho da Vitória, Bahia.
 As enxovias
A palavra “enxovia” é de origem árabe e significa “prisão”, “cárcere”. Portanto, não é adequado para definir as moradias dos escravos domésticos. Mas é o termo que para tanto tem sido empregado. É provável que as enxovias existissem desde o início do sistema escravocrata, mas Roger Bastide pensava que elas teriam surgido durante o ciclo do ouro como conseqüência de um trabalho mais próximo entre escravizadores e escravizados. Nas ilustrações seguintes temos um casarão com um muro com um portão por onde passavam os escravos na ida e na volta das minas e no outro, o pátio dos cativos com os acessos às enxovias, no térreo de Sabará, no auge do ciclo do ouro.




Museu do Ouro em Sabará, Minas Gerais; Um sobrado com enxovias no térreo.

As condições de vida destas enxovias melhoram sensivelmente a partir da proibição das migrações forçadas, em meados do século XIX. Nesta época, socializou-se o costume  de colocar as enxovias nos porões das casas dos senhores e implicava na necessidade de uma convivência menos tensa, como pode ser visto na ilustração da Fazenda de São Lourenço, no Vale do Parnaíba, no estado do Rio de Janeiro ou na da Fazenda da Figueira, em Barra do Ribeiro, no Rio Grande do Sul.
Duas vistas do pátio interno da Fazenda da Figueira, em Barra do Ribeiro, RS.

Os aldeamentos africanos foram muito variados em suas formas e dimensões. A denominação mais comum que receberam no Brasil foi a do termo quimbundo “quilombo” que nada mais queria dizer além de “aldeia”. Um cuidado que deve ser tomado em relação ao termo é o de que o famoso “Quilombo dos Palmares” não era, de fato, um quilombo, mas uma federação de quilombos.
Da mesma forma como as enxovias e as senzalas, os quilombos devem ter surgido já no século XVI, como uma tentativa de reconstituição dos modos de vida africanos. Os mais antigos documentos disponíveis até o momento, provém do século XVIII, dos quais reproduzimos o do Buraco do Tatu, em Itapuã, próximo a Salvador (área hoje já incorporada no perímetro urbano da cidade) e de São Gonçalo, na região mineiras de Minas Gerais.
Quilombo do Buraco do Tatu, em Itapuã, Salvador Bahia, séc. XVIII


Quilombo de São Gonçalo, Minas Gerais, séc. XVIII

Os escravos que a África vendia ao Brasil, possuíam suas próprias culturas, suas singularidades, religiosidades, e tradições as quais  contribuíram para a formação da sociedade brasileira. Porém, infelizmente, não é significativamente visível as influências deles nas dimensões urbanística e arquitetônicas do país.





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