A influência africana na literatura brasileira é fortemente marcada pela literatura oral, que pode acorrer através de palavras, músicas, cantigas, histórias passadas de geração a geração e etc. Podemos perceber esse estilo de literatura nas cantigas de Capoeira Angola, que apresenta principalmente em suas ladainhas, temas diversos como o que se refere ao cotidiano do capoeirista, ao mito, e ao sublime. Algumas figuras como Riachão, Pedro Cem, Besouro de Mangangá, Valente Vilela, entre outras que aparecem nas cantigas de Capoeira Angola podem ser também encontradas na Literatura de Cordel, em seus contos rimados e em seus versos cantados.
A Capoeira Angola é uma arte que abrange a dança, o teatro, a música, a literatura e a luta. As correntes que discutem sua origem são contraditórias e incertas. As mais significativas são as que defendem que a Capoeira se originou na África, mais propriamente no sul de Angola, com negros denominados bantu, esses negros tinham um ritual chamado de N’golo, que traduzindo significa “dança da zebra”, era um ritual ancestral onde dois guerreiros lutavam e o vencedor poderia escolher sua noiva entre as meninas iniciadas na vida adulta. Há também as correntes que acreditam que a Capoeira é genuinamente brasileira, tendo se originado nos quilombos por conta da situação em que os escravos se encontravam, ou seja, longe de sua terra, sendo dominados e escravizados. Assim o negro sentiu a necessidade de criar técnicas de defesa pessoal, e, dessa forma, criou uma luta camuflada na dança e na música.
A seguir uma ladainha da Capoeira de Angola:
Vou-me embora vou-me embora
Vou-me embora pra Bahia
Vou jogar a capoeira
Essa é minha garantia
Vou-me embora dessa terra
Vou ver se dinheiro faço
Se dinheiro não fizer
Tento desatar o laço
Vou-me embora vou-me embora
Como já disse que vou
Se não for nessa semana
Na outra que vem eu vou
Vou-me embora vou-me embora
Eu não posso demorar
Vou levar flor de laranjeira
Pro meu benzinho cheirar
A Literatura de Cordel também se faz presente na influência africana na literatura brasileira e baiana.
Trazida pelos portugueses, a literatura de cordel foi popularizada no Brasil pelos africanos, que não usavam textos, mas sim cantavam os versos. Atualmente, os folhetos de cordel são escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.
A seguir um trecho do cordel "Acorda Cordel na sala de aula":
Para quem ama o cordel
Porém só vê poesia
Nessa linguagem matuta
Pru quê, pru mode, pru via
Tendo o setão como tema
Pode esquecer meu poema
Bater noutra feguesia
Pois eu procuro escrever
Num correto português
E se acaso eu errar
Duas palavras ou três
Não foi com o intuito de errar
Foi procurando acertar,
Isso eu garanto a vocês.
O cordel é um veículo
De grande penetração
Nas camadas populares
Possui grande aceitação
Se a métrica não quebra o pé
Tem contribuído até
Para alfabetização;
Outra forma de influência é na literatura e poesia negras, ou seja, escritas por negros ou por pessoas que lutavam pelos direitos dos negros escravizados. "A poesia e literatura negra, isto é, escritas por negros, podem ser entendidas como uma espécie de ferramenta utilizada nas discussões sobre o passado coletivo dos negros nascidos no Brasil – os afrodescendentes – e uma tentativa dos intelectuais negros de fazer frente às desigualdades sociais e discriminações ainda sofridas, hoje, pelos negros brasileiros" afirma a professora Moema Parente Augel, da universidade de Bielefeld. Um dos maiores representantes desse tipo de literatura e que, por incrível que pareça, não era negro foi Castro Alves, o 'poeta dos escravos'. "Foi um dos primeiros abolicionistas do Brasil e sua influência se fez sentir até a emancipação. Dotado de fina sensibilidade e piedade sincera pela sorte dos cativos, escreveu geniais estrofes contra a escravatura. Seus versos abolicionistas começaram a ser publicados quando contava 15 anos, numa época em que se considerava desperdício de tempo ocupar-se com a sorte dos negros. Aos 16 anos compôs a "Canção dos Africanos" e mais tarde: "Vozes da África', "Visão dos Mortos", "Mater Dolorosa", "Mãe do Cativo", 'Louvor a Palmares", "Navio Negreiro", "Tragédia no Mar", além de outros trabalhos em defesa do escravo. Seu grande mérito foi o de ter posto seu talento a serviço da nobre causa da emancipação, pois os seus mais felizes versos foram inspirados pela sorte dos escravos."
Meeeu, vocês salvaram minha vida.
ResponderExcluirObrigado mesmo, eu tenho um trabalho pra fazer, exatamente disso que eu precisava.
Bêeijo ;*